Como reformar uma granja de suínos de maneira Inteligente e seguir um orçamento devido
Na Gestação: Bem-Estar Animal e Regulamentos
Os consumidores e os grupos de defesa têm pressionado o governo, como na Europa, no Canadá ou na Califórnia, e as associações de produtores para a implementação de regulamentos voltados para a melhoria do bem-estar do gado.
Na produção de suínos, a mudança mais significativa implementada é aquela da gestação individual para a gestação em grupo de porcas. Estamos falando aqui de uma grande mudança na forma como criamos nossos porcos e isso tem um impacto financeiro direto para os produtores.
Para celeiros de construções novas, ter porcas gestantes em alojamento em grupo, em contraste com baias individuais, não representa, na maioria das vezes, um custo adicional para a construção. Ao contrário, na maioria das vezes, estamos falando do mesmo valor ou de um valor menor a ser investido, dependendo do tipo de tecnologia de alimentação selecionada (menos equipamentos). Entretanto, no caso de uma reforma, o valor investido pode rapidamente se tornar ultrajante. Logo, questionamos a maneira como estamos fazendo isso, enquanto nos perguntamos onde podemos reduzir esses custos. Aqui estão algumas estratégias que devem ser bem analisadas no caso de um reforma.
1. Jogando com o Inventário de Porcas
Conservação do Mesmo Inventário
Muitos produtores irão analisar a opção de expandir a seção de gestação, a fim de ter espaço suficiente para atender aos requisitos de metragem quadrada dos regulamentos sem ter de diminuir seu inventário de rebanho. Nesse caso, o projeto de construção e as técnicas utilizadas (rebanho e alimentação) ditarão o valor a ser investido.
Muitas alternativas de alimentação são oferecidas aos produtores. Algumas delas, mais caras na compra (sistemas eletrônicos), podem ajudar a diminuir os custos de alimentação futuros. Portanto, é imperativo analisar todas as opções.
Diminuição do Inventário de Rebanho
Alguns produtores tomarão a decisão de diminuir o inventário de rebanho para evitar a expansão da construção. O custo de renovação será reduzido, porém uma diminuição no inventário do rebanho significa que a receita também diminuirá. Para alguns, essa é uma solução possível, já que não há sucessão, por exemplo.
Aumento do Inventário de Rebanho
Alguns outros aumentarão significativamente seu inventário de rebanho, por meio das gaiolas de gestação reais, para as gaiolas de reprodução. A nova construção, portanto, focará apenas na seção de alojamento em grupo e nos locais adicionais de parição. É uma ótima maneira de aumentar o inventário de rebanho a um custo/porca mais baixo (CDPQ, dezembro de 2012).
2. Conservação ou Alteração dos Pisos no Alojamento em Grupo
Conservação dos Pisos e Realização de Concessões
Para construções novas (sem equipamentos), os custos do piso podem chegar a até 20% do investimento total. No caso de uma reforma, caso o piso ainda esteja bom, devemos nos perguntar se podemos mantê-lo como está ou se devemos trocá-lo.
O projeto do curral é fácil, se estivermos trabalhando com um novo piso. No entanto, se os pisos forem mantidos do antigo celeiro, será necessário fazer concessões. Devemos também ter em mente que a última coisa que desejamos são currais de gestação sujos com maiores possibilidades de ferimentos para nossos animais. Existem algumas dicas para reduzir esses riscos. Manter o piso existente é, obviamente, a solução mais barata. Um especialista em bem-estar animal pode ajudá-lo nessa decisão.
Troca dos Pisos
No entanto, às vezes, é melhor investir mais dinheiro ao fazer uma construção/reforma de sua gestação para ter porcas/leitoas com melhor desempenho. Não é incomum discutir com os produtores que a mortalidade observada de porcas em currais é 2 ou 3 vezes maior do que em gaiolas individuais, isto principalmente por causa de problemas musculoesqueléticos.
3. Escolha de um Piso 100% ou Parcialmente Ripado
Um piso de ripas é mais caro (afinal, possui dois andares) do que um piso de concreto sólido. Durante a análise do projeto, é uma ótima ideia calcular as duas opções: 100% ou parcialmente ripado.
Quando o projeto é feito de acordo com as necessidades da porca, permitindo diferentes zonas nos currais (descanso, alimentação, movimentação), é possível ter animais limpos com piso de concreto completo. Novamente: esta é uma questão de concessões.
4. Conformidade com a Metragem Quadrada Exigida para Porcas e Leitoas
Em alguns países/estados, os regulamentos para o espaço necessário por animal são parte de regulamentos rígidos e devem ser seguidos. Entretanto, em alguns outros países, o governo fornece diretrizes que incluem uma metragem quadrada mínima por animal. Nesse caso, os produtores têm mais liberdade. No Canadá, por exemplo, o espaço mínimo necessário por porca em alojamento de grupo misto é 18 ft2 (1,7 m2) em um piso parcialmente ripado. A escolha de tal superfície traz mais inconvenientes, em contraste com uma superfície maior; porém, permite diminuir os custos de reforma em dezenas de dólares/porca.
Observação de Sylven* Com minha experiência, gosto de discutir diferentes detalhes com o produtor para decidir a metragem quadrada ideal que ele precisa para seu rebanho. Genética, programas de alimentação, histórico de mortalidade e taxas de substituição (principalmente suas causas), ventilação da fazenda e comportamento dos produtores são todos os pontos que eu analiso. O sucesso ou a dificuldade de uma transição para alojamento em grupo pode, é claro, depender da área de superfície permitida, mas uma pequena área pode ser compensada com outras variáveis (relação animal/estação de alimentação para AEP, projeto de curral etc.)
Determinação da Largura do Corredor
A largura do beco para transporte de animais e de empregados deve ser considerada. Estamos, novamente, falando aqui sobre a área de superfície a ser construída, no caso de uma nova construção, ou a ser deduzida da superfície permitida para porcas, no caso de uma reforma. Os produtores, muitas vezes, devem fazer uma concessão entre espaço de trabalho e custo de conversão.
Em uma construção de 60 metros de comprimento com dois corredores, estamos falando de dezenas de milhares de dólares de diferença entre um corredor de 3 metros e um maior. Precisamos refletir sobre os movimentos do pessoal, as porcas, as gaiolas de detecção de estro para varrões e a retirada de animais mortos. Existe um custo para este corredor. Ao levar as porcas para dentro ou para fora de seus currais, precisamos prever muitos animais que se movem ao mesmo tempo. Queremos que as porcas possam dar meia-volta no corredor ou não? Isso é uma escolha do produtor.
5. Mistura de Porcas e Leitoas?
Preferencialmente, os animais primíparos devem estar sempre juntos ao serem colocados em grupos. De acordo com os regulamentos, a metragem quadrada exigida para leitoas é diferente daquela exigida para porcas (no Canadá, estamos falando de, no mínimo, 15 ft2 (1,4 m2) para leitoas e 19 ft2 (1,8m2) para porcas. Em um curral misto, estamos falando sobre os 18 ft2 (1,7 m2) mencionados anteriormente.
Para um grupo de 50 animais com 10 leitoas e 40 porcas, 10 ft2 (1 m2) adicionais são necessários, caso separemos as leitoas das porcas. Não, isso não é enorme. Todavia, devemos pensar sobre o que os regulamentos permitem e as vantagens/desvantagens de misturar paridades. Existem considerações importantes para porcas prenhes alojadas em grupo. Elas precisam ser avaliadas de perto.
6. Escolha de um Sistema de Alimentação para Porcas Gestantes em Grupo
Avalie os Sistemas de Alimentação: Com ou Sem Competição?
Os custos de instalação inicial são muito diferentes de um sistema para outro e este é um fato bem documentado. Um sistema de alimentação de piso é mais barato do que um sistema de alimentação eletrônico (AEP), por exemplo. No entanto, devemos considerar os custos operacionais associados para cada opção. O Gestal 3G é uma opção versátil. Por ser um alimentador inteligente de livre acesso, ele segue os requisitos de bem-estar animal sem as desvantagens de um AEP tradicional.
O custo adicional de ração, agressão mais frequente entre porcas, o treinamento de leitoas e a perda de desempenho do rebanho associada à falta de controle no consumo eliminarão a quantidade que foi economizada na compra do sistema. Além disso, essas perdas são recorrentes de ano para ano e continuam até que o sistema com competição seja retirado da fazenda. Calcule bem seus custos. Não seja mesquinho!
7. Conservação ou Eliminação do Corredor Frontal nas Salas de Parição?
Eliminação do Corredor
No caso de o produtor decidir aumentar seu rebanho de porcas e, desse modo, adicionar gaiolas de parição, o produtor poderá optar por eliminar o corredor frontal. Esta é uma prática comum na Europa. Os produtores europeus, muitas vezes, não têm esse espaço disponível e possuem um desempenho de rebanho impressionante. A metragem quadrada economizada pode representar uma grande quantidade de dinheiro na situação de expansão de uma fazenda ou permitir a instalação de gaiolas de parição maiores, no caso de manter o mesmo inventário de rebanho.
Conservação do Corredor
Mais uma vez, o corredor frontal tem um custo, e devemos pensar se esse espaço é obrigatório. Isso é ainda mais importante, caso tenha sido tomada a decisão de instalar alimentadores eletrônicos na parição. Nos Estados Unidos, mais especificamente, estamos acostumados a trabalhar com corredores. Caso isso desapareça, deveremos ter em mente que teremos de entrar nos currais de parição para pegar os leitões, injetar as porcas ou lavar os alimentadores. Recomendamos que você entre em contato com seu veterinário para aprovação de suas alterações. Este é um ponto importante a ser abordado.
Escolha de Superfícies de Gaiolas de Parição
Mais frequentemente, no caso de novas construções ou ampliações para aumentar o rebanho de porcas, os produtores optam por gaiolas maiores na parição. Isso significa mais investimento imediato. No entanto, não há dúvida de que, com a prolificidade das porcas modernas, não devemos hesitar.
Nos últimos anos, observamos um aumento da prolificidade em termos de nascidos vivos, mas não em leitões desmamados. A causa é, principalmente, a perda antes do desmame. Gaiolas de elevação/hidráulicas podem ser uma interessante solução. No entanto, o custo dessa tecnologia é muito alto. Caso o produtor apresente mortalidade antes do desmame acima da média, a opção poderá ser considerada.
Conclusão
Acabamos de ver algumas maneiras de economizar em novas construções/reformas de fazendas, a fim de atender aos requisitos de bem-estar animal. Também podemos optar por reduzir na qualidade do material (menos aço inoxidável, plástico mais fino, etc.), mas não devemos esquecer que reformas ou novas construções são investimentos de longo prazo. Caso façamos concessões, deveremos ter certeza de que não haverá nenhum impacto econômico no futuro. Muitos elementos afetam a vida útil dos equipamentos agrícolas, como amônia, fezes e ácidos. As concessões que você faz devem se adequar a esses importantes elementos.
Estamos vendo cada vez mais casos em que os produtores selecionaram versões mais baratas e tiveram de substituí-las novamente, alguns anos depois, uma vez que o desempenho do rebanho era bem menor do que antes do alojamento em grupo. Assim como em todo o resto, muitas vezes só recebemos aquilo que pagamos. E lembre-se que sempre há alguém disposto a pagar mais barato…
Por Sylven Blouin, Agrônomo